quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Os planos e projetos para a economia dos candidatos da direita e centro direita às eleições presidenciais de 2018 no Brasil


Esse ano teremos eleições presidenciais, e diversos pré-candidatos já anunciaram  suas propostas. O Brasil patina para sair de uma crise econômica, com dois anos seguidos de recessão, em 2015 e 2016, e um crescimento aquém do necessário em 2017. Diante desse cenário, as eleições de outubro se tornam ainda mais importantes, especialmente porque vão dar a chance aos eleitores de decidir como vai ser a condução da economia e a política pelos próximos quatro anos. Muitos pré-candidatos ainda escondem detalhes dos seus planos, ou mesmo não fecharam seus programas de governo, mas já dá para ter uma ideia da visão de cada candidatura que se apresentou até agora.

Partindo de uma centro-direita até a direita, começamos com Marina Silva. Pré-candidata pela Rede, a acreana vai trazer de volta elementos do seu projeto de 2014. Os principais nomes por trás do programa são os economistas Eduardo Giannetti e André Lara Resende. Na pauta uma revisão das políticas de desonerações, um novo papel para o BNDES, de estímulo a novos negócios, ainda que menores, especialmente ligados ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

No centro da proposta está o combate ao déficit público, especialmente para que não haja prejuízo das políticas sociais. Giannetti já falou da necessidade da reforma da Previdência, para ajudar a equilibrar as contas públicas; uma revisão da reforma trabalhista, que deveria ter sido feita, mas não nos moldes da implantada pelo governo Temer; e uma reforma tributária que reverta os efeitos da tributação em cascata. O economista também já se mostrou favorável a privatizações pela visão de que a gestão privada é mais eficiente do que a pública, mas critica a venda de estatais para cobrir rombos fiscais.

Pouco se sabe ainda sobre as propostas do ex-governador e pré-candidato à presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin. Pérsio Arida, economista historicamente ligado ao partido, e um dos criadores do Plano Real, foi escolhido para a coordenação do programa. Em linhas gerais, Arida tem dito que é importante aprofundar as reformas feitas por Temer, porque esse é o caminho para enfrentar a “grave crise fiscal que o Brasil vem passando”.

A agenda para o país voltar a crescer, segundo o economista tucano, não vem com intervencionismo nem inclusão social nem com populismo, mas através da criação das condições para a economia funcionar melhor. Essas condições são medidas como o aumento da segurança jurídica, privatizações, uma reforma tributária, abertura da economia e o asseguramento da concorrência, evitando artificialismos e controles de preços.

Ainda pré-candidato pelo MDB, o ex-ministro da fazenda Henrique Meirelles tem em sua plataforma uma defesa da política econômica do governo Temer. Austeridade política, a defesa da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de controle dos gastos, a reforma trabalhista, e uma proposta de reforma da Previdência, que ajudaria a resolver o déficit fiscal brasileiro. Para o pré-candidato, as medidas tomadas pelo atual governo tiraram o país da recessão, e a continuidade do processo vai garantir que o Brasil volte para o caminho do crescimento.

João Amoêdo, pré-candidato do Partido Novo coloca a economia no centro do seu debate. Para ele, todos os serviços públicos do Brasil deveriam ser privatizados. Em sua opinião, o Estado não deveria gerir serviços, mas, sim, providenciar condições para que a população pudesse escolher como e onde ser atendida na iniciativa privada. O investimento em sistemas como o Sistema Único de Saúde (SUS) e na educação pública seria substituído por uma política de vouchers. Adepto da ideia de “imposto negativo”, Amoêdo acha que o Bolsa Família deve ser mantido, desde que isso aumente a liberdade de escolha das famílias beneficiadas.

Ainda fazem parte do programa do Partido Novo a defesa da PEC que congelou os gastos públicos por 20 anos, da reforma trabalhista - que pode ser “melhorada”, segundo o pré-candidato - e de uma profunda reforma da Previdência. Além disso, o partido defende uma reforma fiscal que promova o fim de desonerações para alguns setores da economia, além da simplificação dos tributos, “principalmente sobre o consumo”.

Todos os candidatos da centro-direita e direita têm programas parecidos, salvo uma ou outra posição mais radical. A esfinge a ser decifrada é Jair Bolsonaro. Pré-candidato pelo PSL, o político de extrema direita sempre foi um desenvolvimentista estatista. Para se aproximar de uma fatia do eleitorado, vem dizendo desde o ano passado que é um liberal na economia.

Desde o começo do ano Bolsonaro de aproximou de Paulo Guedes, economista que se tornou a clara do plano econômico da campanha. Guedes é, antes de tudo, um privatista. Diferente dos demais pré-candidatos, que veem na privatização uma das necessidades de sanear o Estado e gerar caixa, Guedes acha que essa é a principal medida a ser tomada. É o único economista em uma pré-campanha a falar abertamente sobre a privatização da Petrobras e dos Correios, e também o único a propor o regime de conta individual para a Previdência, modelo similar ao chileno. Além disso o economista defende a manutenção do Bolsa Família e uma redução radical de impostos no Brasil.

Resta saber se as propostas de Guedes serão encampadas por Bolsonaro, que não tem respondido publicamente sobre grandes questões econômicas.

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